Total de visualizações de página

domingo, 1 de dezembro de 2013

A delicadeza da simplicidade

A delicadeza da simplicidade

Somos interdependentes.
Dependemos da mãe, do chefe,
do tempo, do afeto, do banco…
Mas o que mais nos assusta é quando realizamos que essencialmente dependemos um do outro.

Para nossa saúde e bem estar, para que a plenitude se realize em cada coração, pois todos trazem um dom no coração, nós temos um ao outro para se complementar.

Sejamos delicados e respeitosos
um com o outro.

Articule sua mente, observe a respiração!

Fonte: http://www.facebook.com/corpoinconsciencia

domingo, 27 de outubro de 2013

Você não é os seus sentimentos




Estou triste. Quem percebe isso? Estou com medo. Quem percebe isso? Você é a pessoa que percebe isso. Você não é os seus sentimentos.

No estado de calma e consciência, se você precisar da mente para um fim prático, ela estará presente. Na verdade a mente funciona muito bem quando a inteligência maior e real que é você se expressa através dela, como uma ferramenta.
 
Aprenda a sentir-se à vontade dentro do não-saber. A mente teme o não-saber, mas um conhecimento mais profundo que não é baseado em qualquer conceito vai emergir desse estado.
 
A mente está sempre querendo alimentar-se para continuar pensando. Ela procura alimento para sua própria identidade, para seu sentido de ser. É assim que o ego se cria e recria continuamente.
 
Você se dá conta de que esse ego é fugaz e passageiro? Quem percebe isso? É o Eu-Sou. Esse é o seu eu mais profundo, que não tem nada a ver com o passado e o futuro.
 
Quando você se dá conta de que existe uma voz na sua cabeça que pretende ser você e não para de falar, percebe que você vem se identificando com a corrente do pensamento. Quando percebe a existência dessa voz, você compreende que não é essa voz, mas a pessoa que a percebe. Ter liberdade é saber que você é a consciência por trás dessa voz.
 
Ao concentrar toda sua atenção ao momento presente, uma inteligência muito superior à inteligência da mente autocentrada entra no comando da sua vida. Sua ação presente se torna não só muito mais eficaz, como infinitamente mais satisfatória e gratificante.
 
Ao viver através do ego, você faz do momento presente apenas um meio para atingir um fim. Você vive em função do futuro, mas quando atingem seus objetivos eles não te satisfazem. Ou pelo menos não por muito tempo.
 
Quase todo ego tem o que podemos chamar de “identidade da vítima”. Muitas pessoas se veem de tal forma como vítimas, que essa imagem se torna o ponto central de seu ego. Mesmo que as mágoas sejam muito “justas”, ao assumir a identidade de vítima, você cria uma prisão cujas grades são feitas de formas obsessivas de pensar. Veja o que você está fazendo com você mesmo, ou melhor: Veja o que sua mente está fazendo com você. Sinta a ligação emocional que você tem com sua história de vítima e perceba sua compulsão de pensar e falar a respeito dela. Ao perceber isso, a transformação e a liberdade virão.
 
Reclamar e reagir são as formas preferidas da mente para fortalecer o ego. O eu autocentrado precisa do conflito para fortalecer sua identidade. Ao lutar contra algo ou alguém, ele demonstra pra si mesmo que “isto sou eu” e “aquilo não sou eu”. É comum que países procurem fortalecer sua sensação de identidade coletiva colocando-se em oposição aos seus inimigos.
 
A inveja é um subproduto do ego que se sente diminuído quando algo de bom acontece com outra pessoa, ou ela possui mais, sabe mais, ou tem mais poder do que ele. A identidade do ego depende da comparação. Ela se agarra a qualquer coisa buscando o “mais”, e quando nada disso funciona, a mente fortalece seu ego considerando-se “mais” injustamente tratada pela vida, “mais” doente ou “mais” infeliz do que os outros.
 
O ego precisa estar em conflito com alguém ou com alguma coisa. Isso explica por que, apesar de você querer paz, alegria e amor, não consegue suportá-los por muito tempo. Você diz que quer ser feliz, mas está viciado em ser infeliz. Essa infelicidade não vem dos fatos da sua vida, mas do condicionamento da sua mente.
 
A culpa é outra maneira que o ego tem para criar uma identidade, mesmo que essa identidade seja negativa. O que você fez ou deixou de fazer foi uma manifestação da sua inconsciência na época, o que é natural da condição humana. Mas o ego personifica a situação e diz “Eu fiz tal coisa”, e assim cria uma imagem de si mesmo como ruim, falho e insuficiente. As palavras de Cristo: “Perdoai-os, Senhor, pois eles não sabem o que fazem” podem ser usadas em relação a você.
 
Eckhart Tolle

Escolhas

 
 
Para iniciar bem a semana, segue um breve texto de autoria de Flávio Gikovate que nos convida a refletir sobre as nossas decisões.
 
Somos o resultado das escolhas que tomamos ao longo de nossas vidas. Quanto mais nos enxergarmos como pessoas merecedoras de amor, afeto, prazer e sucesso, melhores serão as nossas decisões.
 
Se nos enxergarmos como perdedores ou vítimas de pessoas e/ou situações, nossas escolhas estarão impregnadas de negatividade e nosso comportamento também será de mesma ordem.
 
Em contrapartida, se olharmos para nossa história de vida com positividade e gratidão, inclusive pelas dificuldades inerentes à vida de qualquer ser humano, estaremos adotando uma postura mental muito mais positiva e consequentemente, faremos escolhas mais econômicas do ponto de vista emocional. 
 
Ficar preso no passado e culpando ou responsabilizando pessoas pelo nosso sofrimento, é a pior escolha que um ser humano pode fazer! 
 
Ficar no presente, no aqui e no agora, cultivando a gratidão e o amor próprio com pequenos gestos diários de auto-cuidado, é sem dúvida alguma garantia de uma vida mais plena e feliz! 
 
Boa semana!

"Muitos são os que não tiveram uma infância legal: nem sempre foram bem recebidos por seus pais e muito menos preparados para a independência.

Muitos adultos se valem de sua história infantil triste para atribuir a si mesmos o direito a recompensas especiais: um tipo de indenização!

Não convém usar as mazelas da infância com o intuito de obter benefícios especiais na vida adulta: na prática, isso é chantagem sentimental....


O fato é que não há uma correlação direta entre o que se viveu na infância e o que se é como adulto: cada um reage de acordo com suas forças.

Aqueles que tiveram uma infância mais sofrida têm um desafio maior pela frente: não lastimar o passado, tentar superá-lo e seguir adiante.

Muitos são os casos em que as dificuldades vividas se transformaram em força pessoal e determinação: alguns se abatem e outros crescem muito".

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Desabafar é bom

 
 
Ah, como é bom ter para quem contar as coisas. Outro dia cheguei em casa com fumacinhas saindo da cabeça, tamanha minha irritação com questões variadas no trabalho, que vim remoendo no caminho. Se meu marido não estivesse em casa, eu teria continuado insistindo mentalmente no assunto por um bom tempo, e só me irritando mais.

Mas não: ele estava aqui, e me ofereceu seus ouvidos e comiseração. Era tudo de que eu precisava: uma oportunidade para meu cérebro finalmente executar o longo programa motor que ele vinha montando havia horas, desfiando e revisando minhas misérias do dia, e botar tudo para fora, em palavras, para então poder sossegar.

Por isso segurar um segredo dá tanto trabalho – e por isso contar é tão bom. Preocupações, assim como segredos, são representações mentais angustiantes, aflitivas, que levam à ativação de uma estrutura do cérebro especializada em antecipar problemas, o córtex cingulado anterior. Ativado, ele, por sua vez, dispara uma série de alarmes, parte da resposta ao estresse da preocupação, que deixam tanto corpo como cérebro tensos. Além disso, já que o cérebro sabe colocar seus pensamentos em palavras, ficamos remoendo a preocupação ou o segredo, ensaiando mentalmente sua versão motora, produzida pela boca. Mas, sem ter com quem desabafar, ou para quem contar, esse programa motor fica só na vontade, e não sai. E assim tem-se um cérebro cada vez mais aflito, que tem de fazer força cognitiva, atenta, para segurar ativamente suas palavras.

Por isso colocar tudo para fora é tão bom: assim o programa motor tão ensaiado é executado e não precisa mais ser segurado pelo seu córtex pré-frontal; assim o cingulado anterior pode soltar um “Ufa!” e desligar os alarmes que ajudavam o resto do cérebro a manter o controle.

Essa é uma das razões pelas quais a psicoterapia pode ser tão boa: o simples desabafo. Claro, amigos, parentes, padres, e às vezes até a pobre da pessoa sentada ao seu lado esperando o ônibus também servem quando tudo o que se precisa é uma oportunidade para despejar as preocupações em palavras.

Falar da gente mesmo é muito bom. Um estudo recente da Universidade Harvard mostrou que, tendo opção entre responder perguntas sobre os gostos e hábitos dos outros, sobre simples fatos, ou sobre si mesmos, os participantes preferiam falar do próprio umbigo – e até pagavam para escolher esta alternativa, e de dentro de um aparelho de ressonância magnética, onde só os pesquisadores viam suas respostas. A preferência por falar de si mesmo está relacionada a uma maior ativação das estruturas do sistema de recompensa, o que gera prazer.

Funciona mesmo quando segredo completo é garantido. Mas, seres sociais que somos, a ativação do sistema de recompensa é especialmente alta quando os voluntários sabem que suas respostas serão ouvidas pelo acompanhante que eles levaram para o estudo. Falar de si é bom, mas falar de si para os outros é melhor ainda.

Não é à toa, portanto, que a liberdade de expressão pessoal e de opinião é altamente valorizada. Não se trata apenas de um construto social ou cultural: o prazer de expressar seus próprios pensamentos e estado de espírito é real, mensurável, e vem lá dos cafundós do cérebro. E quando os próprios pensamentos são aflitivos, o desabafo ainda é um alívio só.

Uma ressalva, contudo: pelas mesmas razões, ficar revisitando e remoendo um mesmo problema meses a fio, ao longo de sessões e mais sessões de terapia, muitas vezes é um tiro no pé. É preciso saber deixar o problema ir embora. (05/02/2013).
 
Fonte: Revista Mente e Cérebro

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Os primeiros sinais físicos da depressão

 
Dor de barriga, nas têmporas, nas costas... Esses podem ser os primeiríssimos sinais de que alguém está prestes a mergulhar de cabeça em um quadro depressivo, alertam os médicos
 
Depressão
Muitas vezes as dores ficam sem alívio até a cabeça ser tratada

Há boas chances de um sintoma físico aparecer muito antes de a tristeza profunda ficar estampada na cara da vítima de depressão e ela não conseguir mais esconder sua perda de interesse pelo mundo exterior. Hoje os cientistas sabem: o quadro depressivo tende a emergir na forma dos mais diversos tipos de dor no corpo. E não confunda isso com um processo de somatização, em que distúrbios emocionais produzem mal-estar orgânico. 
 
"Os circuitos que a depressão ativa são íntimos de regiões do sistema nervoso, inclusive o autônomo, que comanda o funcionamento dos órgãos", explica Renato Sabbatini, neurofisiologista da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, que fica no interior paulista. Ricardo Alberto Moreno, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, emenda: "Cerca de 60% dos casos da doença são associados a males orgânicos, a maioria deles acompanhada de dor". 
 

Como isso acontece

Os cientistas apontam o causador: o mau funcionamento da serotonina, da noradrenalina e da dopamina. O trio de neurotransmissores, fundamental na regulação do humor, circularia com menos eficiência entre os neurônios de um deprimido e isso dificultaria a transmissão de milhares de mensagens químicas. E aí, em um efeito dominó, outras falhas de comunicação apareceriam. "A ausência dessas substâncias prejudica diversas áreas, inclusive as responsáveis por inibir dores", explica Telma Gonçalves de Andrade, especialista em psicofisiologia da Universidade Estadual Paulista, a Unesp, em Assis, também no interior de São Paulo. 
 
O sistema imunológico é outro afetado. "Os deprimidos correm um risco três ou quatro vezes maior de adoecer", conta Sabbatini. Também pode acontecer de uma série de doenças aproveitar a brecha criada pelos neurotransmissores. Ou seja, quem de repente passa a ficar doente com muita frequência não deve se conformar com a velha explicação: de que isso é estresse. É preciso refletir se não existe algo mais profundo (e tristonho) por trás.
 
O sono é mais um que acusa prejuízos quando o cérebro está deprimido. Sabe-se que a ausência de serotonina atrapalha o adormecer, mas esse não é o único ponto. O desbalanceamento químico por trás do transtorno emocional afeta todo o ciclo circadiano, ou seja, o relógio que regula o funcionamento do organismo ao longo das 24 horas. Assim, a pessoa perde a sincronia com o meio ambiente, afetando a quantidade e, principalmente, a qualidade das horas dormidas. 
 

Não confunda melancolia com depressão

Os médicos querem divulgar cada vez mais aos leigos e aos próprios colegas que nem sempre melancolia é depressão. "Tristezas fazem parte da vida", lembra Sabbatini. Ao mesmo tempo, nem sempre a depressão se enquadra no retrato da pessoa arrasada, trancafiada no quarto, muda... Ela pode estar por trás dos tais sintomas físicos - em casos raros, a angústia nem chega a brotar, só as dores do corpo é que afloram e ficam sem alívio até a cabeça ser tratada. Com antidepressivos ou tratamento clínico. 
 

Tratamento

Além de remédios, os especialistas apostam na psicoterapia - seja a cognitiva comportamental, que estimula o deprimido a deixar de lado pensamentos destrutivos, seja a interpessoal, que identifica situações de conflito para aprimorar a capacidade de o paciente interagir e aliviar o abatimento. "Estudos de neuroimagem comprovam que a eficácia desses tratamentos é similar à dos remédios", revela Helena Maria Calil, professora titular de psicofarmacologia da Universidade Federal de São Paulo e presidente da Abrata. Quando a depressão é tratada corretamente, diga-se, o ânimo volta e as dores, onde estiverem, esvaecem.
 
Fonte: mdemulher.abril.com.br  

domingo, 6 de outubro de 2013

Você não é a sua mente

  

Identificar-se com a mente, faz com que estejamos sempre pensando em alguma coisa. Ser incapaz de parar de pensar é uma aflição terrível, mas ninguém percebe porque quase todos nós sofremos disso e, então, consideramos uma coisa normal. O ruído mental incessante nos impede de encontrar a área de serenidade interior, que é inseparável do Ser. Isso faz com que a mente crie um falso eu interior que projeta uma sombra de medo e sofrimento sobre nós.

Examinaremos esses pontos detalhadamente, mais adiante.
O filósofo Descartes acreditava ter alcançado a verdade mais fundamental quando proferiu sua conhecida máxima: “Penso, logo existo.” Cometeu, no entanto, um erro básico ao equiparar o pensar ao Ser e a identidade ao pensamento.
 
O pensador compulsivo, ou seja, quase todas as pessoas, vive em um estado de aparente isolamento, em um mundo povoado de conflitos e problemas. Um mundo que reflete a fragmentação da mente em uma escala cada vez maior. A iluminação é um estado de plenitude, de estar “em unidade” e, portanto, em paz. Em unidade tanto com o universo quanto com o eu interior mais profundo, ou seja, o Ser. A iluminação é o fim não só do sofrimento dos conflitos internos e externos permanentes, mas também da aterrorizante escravidão do pensamento. Que maravilhosa libertação!
 
Se nos identificamos com a mente, criamos uma tela opaca de conceitos, rótulos, imagens, palavras, julgamentos e definições que bloqueia todas as relações verdadeiras. Essa tela se situa entre você e o seu eu interior, entre você e o próximo, entre você e a natureza, entre você e Deus. É essa tela de pensamentos que cria uma ilusão de separação, uma ilusão que existe você e um “outro” totalmente à parte. Esquecemos o fato essencial de que, debaixo do nível das aparências físicas, formamos uma unidade com tudo aquilo que é. Por “esquecermos” quero dizer que não sentimos mais essa unidade como uma realidade evidente por si só. Podemos até acreditar que isso seja uma verdade, mas não mais a reconhecemos como verdade. Acreditar pode até trazer conforto. No entanto, a libertação só pode vir através da vivência pessoal.
 
Pensar se tornou uma doença. A doença acontece quando as coisas desequilibram. Por exemplo, não há nada de errado com a divisão e a multiplicação das células no corpo humano. Mas, quando esse processo acontece sem levar em conta o organismo como um todo, as células se proliferam e temos a doença.
 
Se for usada corretamente, a mente é um instrumento magnífico. Entretanto, quando a usamos de forma errada, ele se torna destrutiva. Para ser ainda mais preciso, não é você que usa a sua mente de forma errada. Em geral, você simplesmente não usa a mente. É ela que usa você. Essa é a doença. Você acredita que é a sua mente. Eis aí o delírio. O instrumento se apossou de você.
 
Estamos tão identificados com ela que nem percebemos que somos seus escravos. É quase como se algo nos dominasse sem termos consciência disso e passássemos a viver como se fôssemos a entidade dominadora. A liberdade começa quando percebemos que não somos a entidade dominadora, o pensador. Saber disso nos permite observar a identidade. No momento em que começamos a observar o pensador, ativamos um nível mais alto de consciência. Começamos a perceber, então, que existe uma vasta área de inteligência além do pensamento, e que este é apenas um aspecto diminuto da inteligência. Percebemos também que todas as coisas realmente importantes como a beleza, o amor, a criatividade, a alegria e a paz interior surgem de um ponto além da mente. É quando começamos a acordar.
 
Eckhart Tolle 

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Liberte-se!

 
Na nossa busca para detectar nossos vícios, vamos começar com um dos mais populares: a consciência de vítima.
 
Você sabia que obtemos satisfação temporária quando nos sentimos vítimas? Da mesma forma como utilizar drogas, queixar-se, e até mesmo sofrer, nos faz sentir bem.
 
Mas o que sobra depois?
De acordo com a sabedoria Cabalística, enquanto eram escravos no Egito os israelitas não eram responsáveis por suas próprias vidas. Sua felicidade estava nas mãos de outras pessoas. Essa consciência é o oposto do motivo pela qual fomos criados. A verdade é que é mais fácil (e frequentemente menos doloroso) ser vitima – um escravo – do que mudar.
 
O êxodo foi um processo de aquisição da consciência da liberdade e do controle sobre o próprio destino.
 
O que aprendemos com isso? Que chegou a hora de abrir mão do doce néctar de culpar os outros e de irmos em frente fazendo o que tem que ser feito.
 
Yehuda Berg 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A sua criança interior está sofrendo?


-                      aaaa a criança
 
Se vivemos atrás de uma máscara durante a nossa vida inteira, cedo ou tarde – se tivermos sorte – essa máscara será esmagada.
Então será preciso que olhemos no espelho, enxergando nossa própria realidade.
Talvez fiquemos apavorados.
Talvez estejamos então olhando para os olhos aterrorizados de nossa própria criancinha, daquela criança que nunca conheceu o amor e que agora suplica atenção.
Essa criança está sozinha, ficou esquecida antes mesmo de sairmos do útero, no próprio momento do parto, ou quando começamos a fazer as coisas para agradar aos nossos pais e aprendemos a manejar nossas melhores atuações para ganhar aceitação.
À medida que a vida avança, continuamos a abandonar a nossa criança procurando agradar aos outros. Essa criança, que é a nossa própria alma, implora, por baixo do burburinho da nossa vida, muitas vezes imersa no cerne do nosso pior complexo, que digamos: você não está sozinha, eu amo você.



Marion Woodman

domingo, 1 de setembro de 2013

Tempestade mental





A mente humana está programada para a preservação da vida: se ocupa muito mais com o que está indo mal do que com o que pode nos dar prazer!
Quando acordamos, os primeiros pensamentos vão para o que está nos causando sofrimento e dor: lembramos de quem nos magoou, das dívidas…
Na doença, sonhamos com a saúde. Ao recuperarmos o bem-estar, nos alegramos por algumas horas e, em seguida, nos ocupamos com outro problema!
Já que o que temos de bom e prazeroso não nos chega automaticamente, o balanço adequado da nossa condição depende da interferência da razão.
Devemos nos alegrar, todos os dias, com as coisas boas que temos ao invés de nos deixarmos embalar pelas dores que surgem sozinhas na mente.
Flávio Gikovate
 
Ao ler este breve texto me ocorre que realmente, sem nos darmos conta, logo ao despertar já pensamos nos muitos compromissos, nas várias atividades que temos a cumprir naquele dia que está se iniciando ou como diz Gikovate, nossa mente foca em algo ou alguém que vem nos preocupando ou drenando nossa energia mobilizando sentimentos negativos.  
 
Devemos cultivar o hábito de ao acordar, focarmos nossa atenção em tudo de bom que estamos vivendo, na saúde que temos, no nosso trabalho, no fato de podermos ser úteis à sociedade e sobretudo cultivar o sentimento de gratidão pela nossa vida como um todo. Mudar o foco e adotar a premissa de que o problema é a solução!
 
Sua mente é o maior instrumento ativo que você possui. Não existe qualquer problema que você não possa superar ou qualquer objetivo que não possa atingir quando utiliza as forças inacreditáveis do seu cérebro. O fato é que você é um gênio em potencial. Você tem a capacidade de funcionar em um alto grau de inteligência e criatividade nunca tido antes. De acordo com um especialista em cérebro chamado Tony Buzan, seu cérebro contém 100 bilhões de células. Cada célula é conectada e interconectada com 20000 outras células do cérebro. Isso significa que a quantia de permutas ou pensamentos que seu cérebro pode criar é maior do que o número de todos os átomos conhecidos no universo.
 
Seja qual for a dificuldade que teremos que enfrentar naquele dia, saber que a solução já existe e nos colocarmos em estado de receptividade para reconhecê-la já faz uma grande diferença! Se o foco está no problema e não na solução, esta poderá passar várias vezes diante de nós e não ser reconhecida pelo nosso cérebro. pois sendo este altamente seletivo, estará totalmente voltado para o problema e não para a solução.
 
De acordo com o instituto da Stanford University nós não utilizamos 10 como se acredita, mas sim 2% da capacidade de nosso cérebro. Uma pessoa comum opera num nível muito, mas muito baixo de performance e resultados. Exercícios de Tempestade Mental (ou “Mind Storming”) podem ajudá-lo a focar na solução dos problemas, objetivos e desafios. Quanto mais você concentrar em qualquer que seja o pensamento, problema ou objetivo, maior será a atividade de sua capacidade mental, estimulada e focada na resolução daquele problema ou alcance daquele objetivo.
 
A LEI DA CAUSA E EFEITO

“Mind Storming” é um método que utilizamos para gerar idéias. Diferente do “Brain Storming”, que é feito em grupo, esse método é utilizado a fim de gerar idéias sozinho. Sua mente possui ouro, sendo que você precisa saber como cavar esse ouro. Esse ouro representa a sua idéias. Pense nisso. Tudo que está a sua volta é o resultado da qualidade de suas idéias. Em outras palavras, as idéias seguem a lei da causa e efeito, que defende a existência de um efeito para cada causa. Assim, se você quiser mudar o efeito (suas condições de vida atuais), tudo o que precisa fazer é mudar as causas (seus pensamentos, suas idéias). Simplificando: As idéias ou pensamentos são as causas e suas condições presentes são o efeito.
 
PENSE NO PAPELA tempestade mental é baseada no conceito de que “pensar no papel” é a melhor maneira de pensar-se. Por quê?

1. Quando você pensa no papel, sua mente é capaz de focar muito melhor ao problema.

2. Quando você pensa no papel pode ver as palavras (ou idéias) claramente e sua mente não se preocupa em ficar lembrando as idéias. É a mesma razão pela qual você não deve embarcar em seu dia de trabalho sem uma lista de coisas a serem feitas. Essa lista deveria ser escrita e não memorizada, pela simples razão de que sua mente não exerce qualquer energia desnecessária tentando lembrar-se da lista.

3. Pensar no papel é um ato criativo. Ele ajuda a sua mente a ser muito mais criativa.
4. O processo do pensamento é limitado por não ser linear, ou seja, as idéias não fluem um após do outro, mas numa forma genealógica. Um daquelas idéias ou passos da sua idéia pode ser desenvolvido mais e quando pensamos no papel, podemos ver como uma idéia pode desenvolver e fluir.

Vamos começar com o primeiro método de Tempestade Mental. Primeiro sente-se num lugar calmo no qual você não seja perturbado. Tome um pedaço de papel limpo e escreva no topo da página o problema que você tem. Esse problema poderia ser escrito de variadas maneiras. Lembre-se de que um problema é o lado oposto de uma solução, sendo que, recolocando um problema você pode obter um ponto de vista diferente para a solução. Vamos dizer que seu problema seja dinheiro. Você trabalha como assalariado, mas não tem dinheiro suficiente para arcar com as despesas. Então escreva a questão seguinte:

COMO EU POSSO FAZER PELO MENOS R$ 3000 POR MÊS?
ou
COMO EU POSSO AUMENTAR MEU SALÁRIO PARA R$ 1000 A MAIS POR MÊS?
ou
O QUE MAIS EU POSSO FAZER DEPOIS DE MINHAS HORAS DE TRABALHO QUE ME
PROPORCIONE UMA RENDA EXTRA DE PELO MENOS R$ 1000 POR MÊS?
ou
O QUE POSSO FAZER DURANTE MINHAS HORAS DE TRABALHO QUE POSSA AUMENTAR
MINHA RENDA PELO MENOS R$ 1000 POR MÊS?

Como você pode ver, uma reformulação da pergunta pode realmente fazer diferença na maneira em que você elabora a solução. Depois de selecionar a pergunta mais iluminada à solução, escreva-a no topo do papel e escreva no mínimo 20 soluções para o problema (é por isso que o método também é conhecido por “o método das 20 idéias”), você verá que não é tão fácil quanto parece. É claro que as primeiras 3 a 5 respostas serão fáceis. As próximas 5 a 10 serão mais difíceis e as últimas 10 serão as mais difíceis de todas. Mas esse exercício é mais eficaz em estimular sua criatividade quando você realmente concentra-se em encontrar mais e mais respostas diferentes para a mesma pergunta. Um homem de negócios que estava trabalhando em cima de um problema por seis meses obteve sua melhor solução ou visão na sua vigésima resposta, pela primeira vez que fez esse exercício.
 
Decidir sair da zona de conforto e arregaçar as mangas é o primeiro passo para você realmente mudar o que deseja em sua vida.
 
Bom trabalho!
 
 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Como as emoções negativas formam o corpo de dor

 

No caso da maioria das pessoas, quase todos os pensamentos costumam ser involuntários, automáticos e repetitivos. Não são mais do que uma espécie de estática mental e não satisfazem nenhum propósito verdadeiro. Num sentido estrito, não pensamos, o pensamento acontece em nós.
 “Eu penso” é uma afirmação simplesmente tão falsa quanto “eu faço a digestão” ou “eu faço meu sangue circular”. A digestão acontece, a circulação acontece, o pensamento acontece. A voz na nossa cabeça tem vida própria.  A maioria de nós está à mercê dela; as pessoas vivem possuídas pelo pensamento, pela mente. E, uma vez que a mente é condicionada pelo passado, então somos forçados a reinterpretá-lo sem parar.
 
O termo oriental para isso é carma. O ego não é apenas a mente não observada, a voz na cabeça que finge ser nós, mas também as emoções não observadas que constituem as reações do corpo ao que essa voz diz. A voz na cabeça conta ao corpo uma história em que ele acredita e à qual reage. Essas reações são as emoções.
 
A voz do ego perturba continuamente o estado natural de bem-estar do ser. Quase todo corpo humano se encontra sob grande tensão e estresse, mas não porque esteja sendo ameaçado por algum fator externo – a ameaça vem da mente.
 
O que é uma emoção negativa? É aquela que é tóxica para o corpo e interfere no seu equilíbrio e funcionamento harmonioso. Medo, ansiedade, raiva, ressentimento, tristeza, rancor ou desgosto intenso, ciúme, inveja – tudo isso perturba o fluxo da energia pelo corpo, afeta o coração, o sistema imunológico, a digestão, a produção de hormônios, e assim por diante.
 
Até mesmo a medicina tradicional, que ainda sabe muito pouco sobre como o ego funciona, está começando a reconhecer a ligação entre os estados emocionais negativos e as doenças físicas. Uma emoção que prejudica nosso corpo também contamina as pessoas com quem temos contato e, indiretamente, por um processo de reação em cadeia, um incontável número de indivíduos com quem nunca nos encontramos.
 
Existe um termo genérico para todas as emoções negativas: infelicidade. Por causa da tendência humana de perpetuar emoções antigas, quase todo mundo carrega no seu campo energético um acúmulo de antigas dores emocionais, que chamamos de “corpo de dor”.
 
O “corpo de dor” não consegue digerir um pensamento feliz. Ele só tem capacidade para consumir os pensamentos negativos porque apenas esses são compatíveis com seu próprio campo de energia. Não é que sejamos incapazes de deter o turbilhão de pensamentos negativos – o mais provável é que nos falte vontade de interromper seu curso.
 
Isso acontece porque, nesse ponto, o “corpo de dor” está vivendo por nosso intermédio, fingindo ser nós. E, para ele, a dor é prazer. Ele devora ansiosamente todos os pensamentos negativos.
 
Nos relacionamentos íntimos, os “corpos de dor” costumam ser espertos o bastante para permanecerem discretos até que as duas pessoas comecem a viver juntas e, de preferência, assinem um contrato comprometendo-se a ficar unidas pelo resto da vida.
 
Nós não nos casamos apenas com uma mulher ou com um homem, também nos casamos com o “corpo de dor” dessa pessoa.
Pode ser um verdadeiro choque quando – talvez não muito tempo depois de começarmos a viver sob o mesmo teto ou após a lua-de-mel – vemos que nosso parceiro ou nossa parceira está exibindo uma personalidade totalmente diferente. Sua voz se torna mais áspera ou aguda quando nos acusa, nos culpa ou grita conosco, em geral por uma questão de menor importância.
 
A essa altura, podemos nos perguntar se essa é a verdadeira face daquela pessoa – a que nunca tínhamos visto antes – e se cometemos um grande erro quando a escolhemos como companheira. Na realidade, essa não é sua face genuína, apenas o “corpo de dor” que assumiu temporariamente o controle. Seria difícil encontrar um parceiro ou uma parceira que não carregasse um “corpo de dor”, no entanto seria sensato escolher alguém que não tivesse um “corpo de dor” tão denso.
 
O começo da nossa libertação do “corpo de dor” está primeiramente na compreensão de que o temos. É nossa presença consciente que rompe a identificação com o “corpo de dor”. Quando não nos identificamos mais com ele, o “corpo de dor” torna-se incapaz de controlar nossos pensamentos e, assim, não consegue se renovar, pois deixa de se alimentar deles.
 
Na maioria dos casos, ele não se dissipa imediatamente. No entanto, assim que desfazemos sua ligação com nosso pensamento, ele começa a perder energia. A energia que estava presa no “corpo de dor” muda sua frequência vibracional e é convertida em “presença”.
 
O que podemos fazer:
 
1. Você não é seus pensamentos. Você é a consciência por trás dos pensamentos. Pensamentos costumam ser negativos e dolorosos, ansiando e temendo algo no futuro, queixando-se sobre algo no presente ou revendo uma questão do passado. No entanto, os pensamentos não são você; eles são uma construção do ego. A consciência de seus pensamentos é o primeiro passo para a liberdade.
 
2. Apenas o momento presente existe. Que é onde a vida é (na verdade é o único lugar onde a vida pode verdadeiramente pode ser encontrada). Tornar-se consciente do “agora” tem o benefício adicionado que chamará a sua atenção longe de seus pensamentos (negativos). Aprecie agora plenamente seu mundo externo e tudo o que você está enfrentando. Olhar e ouvir atentamente. Dar atenção aos pequenos detalhes.
 
3. Aceitar o momento presente. É a resistência ao momento presente que cria a maioria das dificuldades em nossa vida. No entanto, a aceitação não significa que você não pode tomar medidas para regularizar a situação em que você está. O importante é a resistência à queda, para que você seja o momento, e que qualquer ação surge da consciência mais profunda e não de resistências. A grande maioria da dor na vida de uma pessoa vem de resistência ao que é.
 
4. Observe o corpo de dor emocional. Anos de padrões de pensamento condicionado, individualmente e coletivamente, resultaram em reações emocionais habituais com uma aparente personalidade própria, cheias de calor e razão aparente. Atacamos porque nos sentimos atacados.   Durante “ataques de dor emocional”, podemos tornar-nos completamente identificados com essa identidade de “dor” e responder a partir de sua agenda – o que é criar mais dor para nós mesmos e outros. Observando o corpo de dor criamos a consciência para podermos separar esta identificação inconsciente com a dor do momento que estamos passando por algo constrangedor, doloroso ou trágico. Este corpo de dor nos ataca quando menos esperamos, mas ele pode ser reconhecido e transformado!”

Eckhart Tolle

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Assertividade


 
 A palavra assertividade se faz mais presente no dia a dia das pessoas  do que se imagina. Pense naquele dia em que você está cansado de uma exaustiva semana de trabalho. Chegando em casa, resolveu tirar a noite para descansar, mas aí lembrou que tinha deixado muita coisa para organizar, roupa para lavar, cozinha para limpar...até aí tudo bem, mas e se no meio dessa limpeza lhe liga algum parente necessitando urgentemente deixar seus filhos ali para você cuidar e no meio deste atropelo, o marido liga avisando que vão ter convidados para jantar. E você disse sim para tudo. O que era para ser um momento de descanso, vai ser uma noite trabalhosa! E quem aceitou tudo isso?

Assertividade é a habilidade social de fazer afirmação dos próprios direitos e expressar pensamentos, sentimentos e crenças de maneira direta, clara, honesta e apropriada ao contexto, de modo a não violar o direito das outras pessoas. Ser assertivo é dizer "sim" e "não" quando for preciso. A postura assertiva é uma virtude, pois se mantém no justo meio-termo entre dois extremos inadequados, um por excesso (agressão), outro por falta (submissão).
 
 Assertividade é a arte de defender o meu espaço vital sem recuar, desistindo de si mesmo, e sem agredir, desistindo do outro. Assertividade é ser transparente e firme sem ser agressivo ou autoritário. É se posicionar com clareza e de maneira respeitosa com as pessoas com quem convive.
    Parece banal, mas mudar a si mesmo e melhorar sua relação com as outras pessoas é um desafio que poucos enfrentam com sucesso. Tornar-se mais confiante e assertivo ensina como você pode se expressar com mais eficiência e lidar com os obstáculos de maneira direta e honesta.
 
    Inicialmente, os psicólogos Robert E. Alberti e Michael L. Emmons direcionaram seu foco para as pessoas que não conseguem se impor. Mas logo perceberam que todo mundo precisa aprender a defender suas posições e fazer as coisas por iniciativa própria. Veja como você reage quando:
- Quer interromper a ligação de alguém.
- Um colega de trabalho tenta humilhá-lo.
- Seu (sua) esposo(a) o censura.
- Um vizinho põe o som a todo volume até as três da manhã.
- Um de seus filhos faz pirraça.
  Em ocasiões desse tipo algumas pessoas reprimem os sentimentos e se calam, contrariadas; outras gritam e reagem de forma agressiva. A assertividade pode ajudar você a enfrentar esses problemas sem medo.
 
     Ao contrário do que muita gente pensa, a assertividade não é uma técnica para se conseguir tudo o que se deseja. Não se trata de ensinar truques ou artifícios para manipular os outros. Os autores, na verdade, escreveram este livro como um guia para que todas as pessoas possam defender suas opiniões e desejos sem desrespeitar os direitos dos outros.
     A comunicação assertiva eficiente estimula os relacionamentos positivos e igualitários entre as pessoas. Além disso, pode acelerar a autoestima, enriquecer a intimidade, aperfeiçoar a capacidade de decisão e de lidar com pessoas difíceis e melhorar a habilidade de resolver conflitos, sempre estimulando a responsabilidade social.
 
     Fácil de ler e cheio de exemplos educativos, este livro é feito sob medida para quem está buscando reduzir a ansiedade nos relacionamentos e se tornar uma pessoa mais confiante.
    Asserção é o “comportamento que capacita a pessoa a atuar em seu melhor interesse, afirmar-se sem ansiedade indevida, expressar confortavelmente de forma honesta os sentimentos e exercitar os direitos pessoais sem negar os  direitos dos outros” (Alberti & Emmmons, 1978, p. 13)
     Por exemplo digamos que você se encontra diante alguém que insistentemente lhe queira vender algo, uma atitude assertiva pode ser através de um contato visual e expressão facial de firmeza evocando  as seguintes palavras: - Muito obrigada, eu não vou comprar nada, mas espero que o(a) senhor (a) seja bem sucedido (a) nas próximas visitas.
    Ser assertivo é confrontar no sentido de “se colocar de frente” às pessoas e situações desafiadoras para eliminar os problemas e ir em direção à solução.
     Para saber quando você NÃO é assertivo, olhe para suas atitudes e ações e saiba que você não é assertivo quando:
 
* Enfrenta alguém sobre determinado problema e se sente constrangido;
* Perde a cabeça quando se confronta com sarcasmos ou críticas de qualquer ordem;
* Perde a calma com facilidade diante de situações embaraçosas;
 * Ao invés de resolver os problemas diretamente, começa a julgar ou culpar os outros e a si mesmo;
* Sente-se pouco a vontade quando olha os outros nos olhos e vice-versa;
* Não acha certo o que deseja ou expor seus sentimentos;
* Por querer agradar a todos, é injusto consigo mesmo;
* Espera que as pessoas adivinhem o que quer;
* Foge das questões que envolvem confronto com outras pessoas;
* Só aceita o seu ponto de vista e perde o respeito pelos outros;
* Perde a paciência e não aceita as diferenças;
* Não fala o que é para ser dito e espera que os outros entendam pela sua cara fechada;
* É indireto e faz “observações cortantes” ou manifestação de impaciência;
* Usa a expressão corporal para que o outro o entenda;
* Passa a agredir ou a apontar o dedo para os outros;
* Não sabe dizer não ou não mantém compromissos;
 
Para Alberti e Emmons (2008) o treino assertivo tem como principal objetivo mudar a forma como o indivíduo se vê a si próprio, aumentar a sua  capacidade de afirmação, permitir que este expresse de forma adequada os  seus sentimentos e pensamentos e, posteriormente, estabelecer a autoconfiança. Mais detalhados, Hargie e Dickson (2004) acrescentaram várias funções  do treino, entre as quais destaca-se: (1) ajudar o indivíduo a assegurar que  os seus direitos não serão violados; (2) reconhecer os direitos dos outros; (3)  comunicar a sua opinião de forma confiante; (4) recusar pedidos descabidos (5) fazer pedidos razoáveis; (6) lidar eficazmente com recusas; (7)  evitar conflitos agressivos desnecessários e (8) desenvolver e manter um  sentido pessoal de eficácia.

Referências:
 
Alberti, R.E. & Emmons, M. L. Comportamento Assertativo: Um guia de autoexpressão. Belo Horizonte: Interlivros, 1978

Fonte: Blog Neurociência em Benefício da Educação

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Tristeza ou depressão?





Achei muito interessante e pertinente esta reflexão que nos propõe o psicanalista Flávio Gikovate.
Compartilho com vocês desejando que se beneficiem de sua enorme experiência e sabedoria.

Boa reflexão!

Quem trabalha na área sabe que somos seres bio-psico-sociais. Acontece que cada um tem suas preferências teóricas e assim existe a “turma” do bio, a do psico e a do social.

A depressão é um problema para todos os que não sabem operar com as 3 variáveis ao mesmo tempo. Os psiquiatras clínicos (“bio”) acham que quase tudo depende da concentração da serotonina nas sinapses cerebrais: quando ela fica baixa, nos sentimos fracos e tristes e passamos a ver a vida pela ótica pessimista, que acaba interferindo sobre o estado mental e sobre nossas relações interpessoais.

Os psicoterapeutas (“psico”) acham que quase tudo depende de conflitos íntimos derivados de experiências dolorosas na infância e adolescência: inseguranças sexuais, baixa autoestima dentre tantas condições negativas nos deixam tristes, incompetentes para o amor e para as boas relações sociais, condição na qual também nos sentimos deprimidos.

Os sociólogos (“sociais”) acham que quase tudo acontece por força das circunstâncias que nos rodeiam: criamos um meio social mais voltado para a produção e o consumo e nosso habitat, exigente e cada vez mais difícil, nos leva a um estado depressivo por não estarmos de acordo com todas as expectativas (riqueza, magreza etc.).

Nunca me filiei a escolas e tenho horror a dogmas. Fui dos primeiros a ver a depressão como um tema complexo: as pessoas estão crescendo mais frágeis por força de uma educação mais permissiva e não estão sendo capazes de lidar com as pressões sociais, que só têm crescido. Isso faz com que a incidência de quadros depressivos esteja crescendo efetivamente.

Os médicos não sabiam fazer diagnóstico que, de fato, se tornou mais acurado (em parte, é verdade, por pressão da indústria farmacêutica, interessadíssima em vender os novos antidepressivos) e isso também modificou o número de casos de depressão.

Qualquer que seja a causa, psicológica ou social, ao longo do tempo, sempre existem repercussões sobre os neurotransmissores cerebrais e o uso de antidepressivos pode ajudar a aliviar a dor mesmo naqueles casos em que os problemas são concretos e objetivos, para os quais a psicoterapia também está indicada.

A concomitância de psicoterapia com o uso de antidepressivos é algo que faço desde 1967 e ainda hoje muitos psicanalistas (e alguns psiquiatras clínicos) acham prática indevida.

É claro que as depressões podem acontecer por força de perturbações originárias de predisposições orgânicas (familiares ou não) e aí acontece o contrário: a pessoa deprimida enxerga mal a si mesmo e sua realidade.

Minha convicção é a de que se trata de um caminho de mão dupla: perturbações na química cerebral alteram a forma de pensar ao passo que pensamentos equivocados, derivados de conflitos psicológicos íntimos ou de se ter que viver num meio social inóspito, provoca alterações na química do cérebro.

Apesar de não parecer, o pensamento é o subproduto misterioso da atividade cerebral. Um subproduto curioso uma vez que ganha poderes próprios, inclusive para interferir na atividade cerebral.

É tudo muito complexo e a questão não cabe numa fórmula simplista. Assim, cada caso é um caso que deve ser estudado detalhadamente. O ramo é mais parecido com a “alta costura” do que com o “prêt-à-porter”.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Desenvolvimento Emocional: Caminho para a Plenitude do Ser


"Se eu não sentisse, não sofreria". Esta é ainda uma crença muito comum para muitas pessoas. Acredita-se, erroneamente, que sentir é sinônimo de sofrer e consequentemente não sentir é uma maneira de evitar a infelicidade.

Cada vez mais, um maior numero de pessoas ao menor sinal de tristeza, corre para o consultório de um psiquiatra buscando uma receita de antidepressivo. Outros buscam no álcool, nas drogas, na comida, nas compras, no sexo, de maneira compulsiva e exagerada, o mesmo efeito: Evitar o sentir.
Ao entorpecermos a nossa capacidade de sentir, estaremos, ao contrário do que desejamos, aumentando o nosso sofrimento, pois se a boca não fala, o corpo, este sim, dará um jeito de falar! Optando pelo não sentir, inevitavelmente, a doença será o caminho para exteriorizar as emoções reprimidas. Portanto, a repressão dos sentimentos não diminui o sofrimento, pelo contrário, ela o aumenta.

Assim como o nosso corpo e a nossa mente necessitam de espaço para crescer e expandir, nossos sentimentos também necessitam de espaço para que possam amadurecer e principalmente para que tenhamos coragem de amar. Quando os sentimentos são tolhidos, o amor não pode crescer. Independente de religião ou filosofia, todos nós sabemos que o amor é a energia mais potente e curadora que existe! Mas como podemos amar se não nos permitimos sentir? O medo do sofrimento nos faz muitas vezes ficar em estado de isolamento. Evitamos o envolvimento pessoal temendo arriscar e nos decepcionar. 

Mas o que de fato nos impede de sentir? Quando crianças, vivenciamos situações de tristeza, medo, frustração e rejeição. O sofrimento e o despontamento são recorrentes e inevitáveis. Criamos assim, de maneira inconsciente, desde os primeiros anos de vida a falsa crença: "Se eu não sentir, não serei infeliz."

Em Psicologia fala-se muito da criança interior, ou seja, esta parte do nosso ser, da nossa psique que não evoluiu, não "cresceu" e permaneceu com a mesma capacidade que tínhamos de resolver nossos problemas e dificuldades quando éramos de fato crianças. Sempre recomendo aos meus pacientes para se sentarem no chão e olharem para cima para se lembrarem de quando eram de fato crianças, como tudo e todos eram muito maiores do que eles e principalmente, do quanto se sentiam impotentes e sem poder de decisão, pois uma criança decide muito pouco ou quase nada. Vale salientar que a nossa criança interna desconhece a existência do adulto que também somos. Por isso muitas vezes, mais do que imaginamos, desistimos de nossos desejos, sonhos e projetos, pois os olhamos de baixo para cima, ou seja com a nossa criança interior.

Quando assim o fazemos, é inevitável pensarmos: Não dou conta! Aliás, ouço muito esta frase em meu consultório! Não dou conta de arriscar mudar de emprego. Não dou conta de arriscar e me envolver neste relacionamento. Não dou conta de ser mãe e profissional. Não dou conta de correr atrás do meu sonho. Não dou conta...
Meus queridos, a nossa criança não dá conta mesmo mas o adulto que somos quando toma posse de sua maturidade e de todos os seus talentos e aprendizados acumulados ao longo da vida, este sim, dá conta e pode sim decidir o que de fato deseja fazer ou não fazer. É forte o suficiente, "grande" o suficiente para dizer: "ok, estou com medo mas sou capaz, dou conta deste medo e vou tentar, vou arriscar e ficar tranquilo que seja qual for o resultado, terá valido a oportunidade que me dei fazendo a minha parte para alcançar o meu objetivo.

Desejo que se arrisque e faça tudo o que estiver ao seu alcance para atingir todos os seus objetivos.








segunda-feira, 29 de abril de 2013

HIPNOSE: O Poder Elástico do Cérebro




A plasticidade do cérebro e outras possibilidades por meio da hipnose moderna trazem um novo caminho para o psicólogo e outros profissionais da saúde, com resultados comprovados e eficazes.

A hipnose é definida como um estado alterado de consciência ampliada, em que o sujeito permanece acordado todo o tempo, experimentando sensações, sentimentos, talvez tendo imagens, regressões, anestesia, analgesias e outros fenômenos enquanto está nesse estado. Assim, poucas palavras têm o poder de despertar reações tão hipnóticas quanto o próprio termo hipnose. A prática moderna da hipnose se estende atualmente por diversas áreas, como a Medicina, a Odontologia e a Psicologia. Podemos afirmar que a sua utilização se encontra presente em toda história da humanidade. Os acontecimentos chamados hipnóticos fazem parte da vida dos seres humanos continuamente. Todos os dias e a cada instante estamos embutidos nesse chamado “estado alterado de consciência”.

Algumas pessoas a consideram um embuste ou algo que só serve para fazer com que alguém tenha ações específicas: agir como animais ou provar alimentos picantes. Há quem acredite que cura todos os tipos de patologias e há aqueles que a acham tão perigosa que deveria ser completamente abandonada.

O Dr. Milton Erickson estudou profundamente a hipnose e seus fenômenos durante
toda sua vida, demonstrando-a como um fenômeno natural da mente humana, bem como sua existência e efeitos no cotidiano. Uma das suas contribuições para a Psicologia foi o conceito de utilização da realidade individual do paciente, a terapia naturalista, as diferentes formas de comunicação indireta, a técnica de confusão e de entremear. Dessa forma, o legado do Dr. Erickson contribuiu para diversas escolas e campos de conhecimento que tratam da relação entre cognição, comportamento e atividade do sistema nervoso em condições normais ou patológicas, como o caso da própria neuropsicologia, que tem caráter multidisciplinar e apoio na Anatomia, Fisiologia, Neurologia, Psicologia, Psiquiatria e Etologia, entre outras ciências. Assim, a questão que fica: seria possível promover a reabilitação neuropsicológica pelo princípio da plasticidade cerebral através das ferramentas de hipnose?

A prática moderna da hipnose se estende atualmente por diversas áreas, como a Medicina, a Odontologia e a Psicologia

A melhor resposta pode ser descrita pelo próprio Milton Erickson, ele mesmo acometido pela poliomielite e suas consequências que o acompanharam durante a vida. Dr. Erickson, em muitos de seus artigos, livros e seminários didáticos, relatava que usava o próprio transe hipnótico como uma forma de manter um estado adequado, sem dor e, consequentemente, viver melhor. Dessa forma, percebemos a autohipnose como uma ferramenta importante nessa intervenção cerebral.

Pesquisas recentes

As pesquisas atuais estão avançando no sentido de aprofundar os conhecimentos sobre os mecanismos de recuperação funcional, bem como sobre os fatores relacionados às variações interindividuais. Novas abordagens quanto aos dados empíricos permitem delinear uma nova visão do sistema nervoso como um órgão dinâmico, constituindo uma unidade funcional com o corpo e o ambiente.

Atualmente, quando se fala em reabilitação neuropsicológica, devemos pensar que existem técnicas de reabilitação que podem atuar em níveis diferentes, como o treino cognitivo que trabalha a restauração da função, as estratégias compensatórias (internas ou externas), que atuam no nível da atividade, e participação social, com o intuito de tornar o indivíduo mais participativo. Além disso, é comum nos programas de reabilitação a utilização de diferentes técnicas com cada tipo de paciente, como atendimento individual e em grupo, psicoterapia para ampliação da percepção e aceitação dos déficits, orientação e replanejamento vocacional. O profissional em reabilitação tem de buscar algo que vá ao encontro das necessidades de cada paciente e o contexto biopsicossocial no qual está inserido.

Partindo do pressuposto de que existem diversas técnicas de reabilitação, o interessante é realizar uma discussão sobre o uso da hipnose enquanto ferramenta em reabilitação neuropsicológica, especificamente atuando em neuroplasticidade.

A plasticidade cerebral pode ser definida como uma mudança adaptativa na estrutura e função do sistema nervoso que ocorre em qualquer fase do desenvolvimento, como funções de interação com o meio ambiente interno e externo, ou ainda como resultante de lesões que afetam o ambiente neuronal. Além disso, a plasticidade cerebral constitui-se de um processo dinâmico, em que se relacionam as estruturas e suas funções, proporcionando respostas adaptativas que são impulsionadas por desafios do meio ou alguma lesão, se mantendo ativa, em diferentes graus, durante toda a vida inclusive na velhice.

Os neurocientistas constataram que o grau de neuroplasticidade varia conforme a idade do indivíduo. Como exemplo, durante o desenvolvimento ontogenético, o sistema nervoso é mais plástico. Essa é a fase da vida do indivíduo onde tudo se constrói e se molda de acordo com o genoma e as influências do ambiente. Porém, mesmo durante o desenvolvimento, existe uma fase de maior plasticidade denominada período crítico, na qual o sistema nervoso é mais suscetível às transformações provocadas pelo meio ambiente externo. Após o organismo ultrapassar essa fase e atingir a maturidade, sua capacidade plástica diminui, se modifica, mas não se extingue. Há várias formas de neuroplasticidade, como: regeneração, plasticidade axônica, plasticidade sináptica, plasticidade dendrítica e plasticidade somática.

Para pensar no poder elástico do cérebro e relacionar com a hipnose moderna empregada pelo Dr. Milton Erickson é necessário verificar, dentro da própria vida deste, uma similaridade curativa, onde essa neuroplasticidade desempenhou um papel de reestruturação nele mesmo, como descrito acima.

Nessa interrelação sistêmica, entre corpo e ambiente, podemos estabelecer uma percepção avançada ao ver que Dr. Erickson, por si mesmo, desenvolveu um tipo especial de concentração mental para qualquer movimento mínimo, refazendo mentalmente cada movimento repetidas vezes, de forma a fazer uma nova ligação de aprendizado entre os fatores pensantes da sua subjetividade e a reação física dos movimentos. A comprovação dessa prática fora descrita nos artigos médicos acadêmicos que ele havia escrito. Outras enfermidades também acompanharam a vida de Erickson, como o daltonismo e a deficiência auditiva, podendo parecer para qualquer pessoa como problemas ou grandes dificuldades para viver. Mas Dr. Erickson descreveu e utilizou destas os seus próprios recursos para desenvolver uma abordagem terapêutica que se tornou reconhecida pela eficácia e elegância de aplicação, utilização e resultados imediatos, além da reabilitação neuropsicológica autoapresentada.

Erickson estudou profundamente a hipnose e seus fenômenos durante toda sua vida, demonstrando-a como um fenômeno natural.

PRESENTE DE GREGO?

A hipnose ericksoniana pode ser vista como um “cavalo de troia”, em que é ofertado um presente disfarçado ao sujeito, no qual este, nessa condição, recebe e se faz elaborar internamente questões e ensaios, como uma espécie de trabalho que nasce de dentro, recuperando neurônios ao gerar a plasticidade cerebral necessária para a reabilitação funcional. Através da própria sugestão (autohipnose) ou ao induzir pacientes pelo instrumento da hipnose, podemos criar novas representações subjetivas, novas ressignificações e novas conexões; dessa forma, manter um ambiente interno capaz de promover mudanças ou simplesmente ajudar o sujeito a encontrar recursos internos para auxílio na reabilitação neuropsicológica.

Uma das formas de aplicação da hipnose elaborada pelo Dr. Erickson está na maestria da utilização da linguagem analógica, por comparação, em que as metáforas, alegorias e anedotas faziam um papel desse “cavalo de troia” mencionado anteriormente, um disfarce linguístico na condução do transe hipnótico.

Ao observar a forma de trabalho hipnótico do Dr. Erickson, pode-se perceber a clara intenção de ofertar presentes linguísticos ao inconsciente do sujeito hipnotizado. Quando Erickson contava a um paciente sobre o caso de outro paciente, na verdade sua intenção esperada seria que o próprio paciente fizesse a relação com sua história de vida. Se o relato tivesse uma solução ou alternativa para um problema que estava sendo trabalhado, o paciente encontraria relações com esse fato, se comparando ao mesmo e encontrando na sua própria história recursos internos para enfrentamento da situação problema.

Para ilustrar tal metodologia, podemos citar Rosen (1982), em que o Dr. Erickson utilizava uma passagem de sua própria história, quando criança, com a intenção de estabelecer vínculo com o paciente e permitir que o mesmo falasse de seu problema, com confiança e assertividade necessárias. “É... você sabe, bom... vou iniciar nossa sessão contando um trecho interessante da minha vida... foi assim: ...muita gente estava preocupada comigo porque eu já tinha quatro anos de idade e ainda não falava e uma irmãzinha minha, dois anos mais nova, já falava, e continua falando, mas até agora não disse quase nada. E... muitos ficavam aflitos porque eu era um menino de quatro anos que não podia falar... Minha mãe dizia confiante: ‘vai falar quando chegar a hora’” (ROSEN, 1982, p. 67).

Novas abordagens quanto aos dados empíricos permitem delinear uma nova visão do sistema nervoso como um órgão dinâmico

Dessa forma, o paciente poderia elaborar o melhor momento para falar com confiança. Como Rosen (1982) menciona, nesse exemplo se destaca a convicção do Dr. Erickson de que se pode confiar que a mente inconsciente terá as respostas certas no momento oportuno. E, se essa história fosse contada a um paciente que começa a experimentar o transe hipnótico, poderia tranquilizá-lo no sentido de que pode aguardar, sem preocupações, até que apareça o impulso para falar algo relevante, ou até que possa revelar, de uma maneira não verbal, as suas mensagens inconscientes.

Ao pensar dessa forma, poderíamos trazer a seguinte questão: “O que aconteceria se fosse dada uma relação metafórica para um paciente em reabilitação neuropsicológica de que outra pessoa conseguiu resultados importantes com determinado pensamento ou atividade?”. Se a metodologia e ferramentas aplicadas pelo Dr. Erickson estiverem certas, a reabilitação neuropsicológica estaria sendo auxiliada pela linguagem e comunicação do psicoterapeuta, favorecendo assim a neuroplasticidade e provável recuperação de um paciente.

Ao tratarmos de conhecimento científico, é necessário enfatizarmos que este pode criar paradigmas, conceitos e visões referentes ao mundo, à maneira como encaramos a nós mesmos, nosso cérebro e as relações externas que nos cercam. A ciência cria modelos teóricos com suas visões sobre como operamos no mundo, desenvolvemos nossa personalidade, construímos nossa subjetividade e o modo como nosso cérebro se desenvolve e se adapta. Tais modelos teóricos estão em constantes mudanças e recriações.

É justamente nesse ponto que se concebe que o legado de Erickson consiste prioritariamente em um presente de grego, na medida em que convida seus interlocutores às transformações profundas não apenas em suas formas de abordagem terapêutica, mas também a uma revisão crítica de todos os momentos e situações onde o conhecimento se constrói.

O profissional em reabilitação tem de buscar algo que vá ao encontro das necessidades de cada paciente

PAPEL DO TERAPEUTA

Em Psicologia, podemos levar esse conhecimento a novos caminhos, indo além de simples acolhimentos a pacientes com lesões funcionais, mas podendo influenciar positivamente na reconstrução e reabilitação do sujeito atendido.

O papel do psicólogo como profissional deve carregar um arquétipo de curador, em que sua figura traz conforto, aceitação e, principalmente, a esperança de recuperação. Neste momento, fica a importância de esse profissional perceber que o ser humano é constituído pelo princípio do biológico, psicológico e social. Naturalmente, através da constante pesquisa e desenvolvimento de novas técnicas, nós, os psicólogos, podemos agregar mais e ajudar outros profissionais da área médica na recuperação de pacientes com lesões neuropsicológicas.

Quando consideramos a hipnose como instrumento ou simplesmente como uma forma de comunicação, abre-se a escolha para todas as linhas terapêuticas, seja comportamental, humanista, psicanalista ou cognitiva. Partimos do pressuposto de que, para atuar, o psicólogo precisa se comunicar e comunicação é redundância, sempre estamos comunicando algo. A hipnose moderna, termo considerado após Erickson, é uma forma de comunicação elegante, às vezes formalmente, com os olhos fechados em profundo estado alterado de consciência ou simplesmente de forma coloquial, como uma conversa, ao contar uma história ou relatar um fato, pode trazer dentro desse conto uma semente de mudança em reabilitação. O poder elástico do cérebro, sua plasticidade e outras possibilidades através da hipnose moderna trazem um novo caminho para o psicólogo e outros profissionais da saúde, com resultados comprovados e eficazes. Ignorar esse conhecimento pode significar ignorar as próprias condições do ser humano e do profissional psicólogo, onde a curiosidade por novas descobertas trará novos resultados no futuro.

Fonte: Ciência e Vida