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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Por que Príncipes viram Sapos


Constantemente ouço queixas em meu consultório de mulheres e também de homens sobre seus respectivos companheiros. Este texto do psicanalista Flavio Gikovate, nos dá uma ótima compreensão deste fenômeno de insatisfação que assola tantos relacionamentos. Leia com atenção e pergunte-se se você também não transformou - em seu imaginário - seu ou sua companheiro(a) em um ser irreal.

Espero que a sua resposta para a pergunta da foto acima seja: Nem príncipe nem sapo. Apenas um ser humano com suas virtudes e não virtudes.

Boa leitura!


Por que Príncipes viram Sapos

Para entender por que nos decepcionamos com o ser amado, é preciso conhecer o processo de namoro: saber o que leva a nos encantarmos sentimentalmente com alguém. O que faz uma pessoa até há pouco tempo desconhecida se tornar tão indispensável para nós que não imaginamos mais a vida sem ela? Não há como responder integralmente a essa pergunta, mas algumas conclusões parciais podem ser úteis para cometermos menos erros.

Em primeiro lugar, as pessoas se envolvem porque se acham incompletas. Se todos nós nos sentíssemos inteiros em vez de metades, não amaríamos, pois o amor é o sentimento que desenvolvemos por quem nos provoca aquelas sensações de aconchego e de algo completo que não conseguimos ter sozinhos. A escolha do parceiro envolve variáveis intrigantes, que vão do desejo de nos sabermos protegidos à necessidade de sermos úteis ou mesmo explorados.

A aparência física ocupa um papel importante nesta fase, sobretudo nos homens, que são mais sensíveis aos estímulos visuais. Muitos registram na memória figuras que os impressionaram e que servem de base para criar modelos ideais, com os quais cada mulher é confrontada. Pode ser a cor dos olhos, dos cabelos, o tipo de seio ou de quadril. São elementos que lembram desde suas mães até uma estrela de cinema. As mulheres também selecionam indicadores do homem ideal: deve ser esbelto ou musculoso, executivo ou intelectualizado, voltado para as artes e assim por diante. Todos esses ingredientes incluem elementos eróticos e se transformam, na nossa imaginação, em símbolos de parceiros ideais. De repente, julgamos ter encontrado uma quantidade significativa de tais símbolos naquela pessoa que passou pela nossa vida. E nos apaixonamos.

A fase de encantamento, no entanto, se fundamenta não só em aspectos ligados à aparência, mas também no que há por dentro. No entanto, uma outra situação pode ocorrer: conversamos com quem nos chamou a atenção e, devido à atração inicial e ao nosso enorme desejo de amar, tendemos a ver no seu interior as afinidades que sempre quisemos que existissem naquele que nos arrebata o coração.

Por exemplo: um rapaz franzino e intelectualizado é visto como emotivo, romântico, delicado, respeitoso e pouco ciumento. A moça se encanta com ele e espera que ele seja portador dessas qualidades. A isso chamamos idealização: acreditar que o outro tem características que lhe atribuímos. Sonhamos com um príncipe encantado – ou com uma princesa ideal – e projetamos todos os nossos desejos sobre aquela pessoa. E, quando passamos a conviver com ela, esperamos as reações próprias do ser que idealizamos.

Mas o que ocorre? É o indivíduo real que vai reagir e se comportar conforme suas peculiaridades. E é muito provável que nos decepcionemos – não exatamente por causa de suas características, mas porque havíamos despejado sobre ele fantasias de perfeição.

O erro nem sempre está no parceiro, e sim no fato de termos sonhado com ele mais do que prestado atenção no que ele realmente é. Eis aí um bom exemplo dos perigos derivados da sofisticação da mente, capaz de usar a imaginação de uma forma tão livre que a realidade jamais conseguirá alcançá-la.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O escultor de imagens


Uma bela história que nos faz refletir sobre nossas escolhas e suas consequências.




O escultor de imagens

Contadores de histórias gostam de contadores de histórias. Gostam de ouvir novas histórias e conhecer novas possibilidades de contá-las. Há algum tempo no Matutu encontre com uma dessas contadoras, Hildegard Wucherfennig, uma especialista em Pedagogia Waldorf, que sempre tinha uma história guardada no bolso para a ocasião propícia. Deleite-me com ela durante os almoços naquela mesa abençoada da Pousada. Indicou-me um livro precioso com histórias específicas para cada órgão do corpo. Histórias que transformam, que curam para além da mente. A de hoje é uma das minha preferidas. Remedio poderoso para a alma.

O escultor de imagens

Um escultor era famoso em sua terra por suas estátuas de bronze de Shiva, de uma beleza perfeita. O espírito de Shiva vivia em cada uma delas. O escultor recusava-se a vender as estátuas; em vez disso, dava-as de presente a templos, a monges viajantes e a pessoas comuns que necessitam delas. Em troca, os habitantes da sua aldeia o sustentavam com lentilhas e hortaliças e concediam-lhe um quartinho confortável para viver e trabalhar. Ele era uma dessas raras pessoas que podia ser considerada completamente feliz.
Um ida, o rei e seu séquito estavam passando pela aldeia para dar ao povo uma visão da grandeza real e animar as suas vidas insípidas. O rei viu as imagens de Shiva e ficou pasmo.
No dia seguinte, enviou um mensageiro para comprar uma estátua. O mensageiro estendeu um saco de ouro. Mas o escultor não estava acostumado com a oferta de ouro. O mensageiro disse que ele não podia recusar o dinheiro do rei, atirou o saco em sua direção e se afastou rapidamente com a estátua.
O artista tentou retornar ao trabalho e esquecer o incidente. Mas a partir daquele dia, para horror seu, toda estátua que ele modelava saía parecida com o rei. Desanimado, ele as derretia e tentava novamente, mas a mesma coisa acontecia.
Finalmente, ele procurou o guru da aldeia e contou o problema. "Estou profundamente ofendido pelo rei!", explodiu o artista.
"Ahhh!", disse o professor, "Quando o seu ressentimento é mais forte que seu amor, você cria aquilo que você odeia."
Depois de refletir um pouco, o escultor de imagens sabia o que tinha que fazer. Ele pegou suas roupas, a tigela de mendicância e o saco de ouro. Dia após dia, caminhava e mendigava na chuva, dormia nos templos e protegia o saco de ouro, até que chegou na capital.
Quando bateu na porta do palácio e pediu par ver o rei, os guardas riram e lhe disseram que o rei não recebia mendigos. Mas após dias e semanas, o rei finalmente reparou nesse mendigo persistente e concordou em falar com ele.
"Vossa Majestade, sou um humilde escultor de imagens. Algum tempo atrás, você enviou um mensageiro até mim para comprar uma imagem. Sinto-me honrado, Vossa Majestade, mas não posso vendê-las. Aquelas imagens vieram até mim como uma dádiva de Shiva."
E ele estendeu o saco de ouro.
O rei ao ver a expressão do rosto do escultor de imagens, pegou o ouro de volta. Depois enviou-o para casa numa caravana real.
O escultor de imagens voltou para sua cabana. As pessoas perguntavam-lhe sobre a viagem, mas ele mal podia esperar para voltar ao trabalho. esculpiu uma imagem nova, criou o molde, despejou e deixou o metal esfriar e depois começou o trabalho de polir o bronze. este começou a brilhar como o Sol. Para o seu alívio, ele mais uma vez segurou nas mãos o semblante sereno de Shiva.


Mellon, Nancy "Corpo em equilíbrio: o poder do mito e das histórias para despertar e curar as energias físicas e espirituais" São Paulo, Cultrix, 2010

Desapegue-se do conhecido e mergulhe no mundo das infinitas possibilidades.



Segunda 30 de Maio de 2011





Nos apegamos ao que sabemos porque o desconhecido nos deixa apavorados, mas isso faz com que limitemos a nós mesmos porque os maiores segredos e soluções estão ocultos no desconhecido.



Hoje, tenha a coragem de não saber. Abandone as soluções da realidade do 1% e saia da sintonia com sua mente racional. Esse é o supremo desapego.



Yehuda Berg